Recentemente, o deputado federal, Zeca Dirceu, passou pela cidade de Capanema, onde participou de um debate sobre a Reforma Política, organizado pelo Sindicato Rural. Em ocasião da visita, o parlamentar reafirmou o seu compromisso com os atingidos pela Usina Hidrelétrica do Baixo Guaçu. A previsão de finalização das obras do Guaçu estava marcada para o final deste ano. No entanto, a UHE tem desencadeado um processo de angústias e incertezas para as 1.025 famílias, que serão atingidas diretamente pelo empreendimento. Apesar da UHE afirmar que apenas os municípios de Capanema, Leônidas Marques, Planalto, Realeza e Nova Prata do Iguaçu serão atingidos, os impactos dessa obra trazem prejuízos para toda a região Sudoeste do estado.
Em 2017, o processo de luta do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) completa quatro anos de mobilizações, ocupações, negociações e resistência na região. Ao longo desse período, o governo do Estado, por meio da Assessoria Especial de Assuntos Fundiários e da Casa Civil, acompanhou o processo, porém sem êxito nas negociações em prol da seguridade de direitos e garantias aos atingidos.
O deputado Zeca Dirceu comentou que a resolução da situação dos atingidos pela Usina tem sido uma das pautas do seu mandato. “Me uno a esta luta, que é para que os atingidos conquistem a indenização e sejam alocados para uma espécie de condomínio rural”, disse.
A situação foi discutida com toda a população de Capanema, recentemente, em uma Audiência Pública. As reivindicações são pela necessidade de aquisição imediata de áreas para reassentamento, a compra de terra para a construção do reassentamento rural coletivo e o debate sobre o desenvolvimento rural coletivo por meio da discussão sobre o Plano de Recuperação e Desenvolvimento das Comunidades e Municípios atingidos pela UHE. “Tenho visitado, frequentemente, a região Sudoeste do estado e por onde vou, ouço as necessidades dos moradores da região e por isso tenho ciência da importância da agilidade em resolver essa situação”, pontuou o parlamentar. “A seguridade das famílias que serão atingidas é uma pauta pela qual tenho lutado. O Governo do Estado precisa tomar um posicionamento concreto em relação a esse assunto que não pode, mais uma vez, ser tratado com tanta leviandade. Quando o governo não se posiciona, ele se torna omisso”, completou Zeca Dirceu.
Histórico
A construção desta UHE, que já é a sexta Usina Hidrelétrica na região, corre causando esse tipo de embate há pelo menos 15 anos. No início, muitas das famílias e agricultores da região que cooperaram na construção das outras cinco usinas tinham boas expectativas, porém a construção desta se transformou em um poço de angústias.
Enquanto o Estado não soluciona a situação dos atingidos, a população se mantém mobilizada pela garantia de seus direitos, porém a construção da Usina deve trazer novos problemas, principalmente, para a saúde econômica da região.
Conforme dados do MAB, os royalties para cada município atingido será menor que R$ 65 mil/mês, enquanto a perda de arrecadação envolvendo a agricultura, pecuária, comércio e demais atividades já desenvolvidas na região será superior a R$ 15 milhões ao ano.
O movimento nacional de atingidos por barragens informa, ainda, que a hidrelétrica, quando concluída, terá uma capacidade de gerar até 350 MW de energia elétrica e um lucro aproximado de R$ 200 milhões ao ano, sendo o maior beneficiário deste montante a empresa Neoenergia, que é constituída pelo Fundo de Previdência do Banco do Brasil, pelo Banco do Brasil e pela multinacional espanhola Iberdrola, uma das cinco maiores companhias elétricas do mundo, com presença em 40 países. O MAB informa ainda que a Companhia Paranaense de Energia (Copel) também é dona de 30% do empreendimento e, portanto, divide responsabilidades perante a situação dos atingidos.